Relatório do dfndr lab mostra que no terceiro trimestre de 2018 foram identificados 4,8 milhões de links com fake news

Em um ano marcado pelas eleições presidenciais no Brasil, a produção de notícias falsas aumentou significativamente no terceiro trimestre de 2018. Relatório do dfndr lab mostra que entre julho e setembro deste ano houve um aumento de 43% nesse tipo de ocorrências detectadas em comparação com o mesmo período de 2017, num total de mais de 4,8 milhões de links com notícias falsas. Além da propagação de mentiras pela internet, o dfndr lab identificou 43,8 milhões de ameaças virtuais de todos os tipos nesse período.

Para o advogado Guilherme Guimarães, especialista em Direito Digital e Segurança da Informação, o resultado do levantamento do dfndr lab confirma um cenário que já era percebido informalmente no país e que se intensificou com a polarização política. “A informação que chega pelas redes sociais e aplicativos de mensagem é objeto de consumo rápido e de propagação ainda mais acelerada. É comum as pessoas compartilharem informações tendo lido apenas o título da notícia e sem verificar o real teor do conteúdo”, analisa.

Guimarães adverte que esse posicionamento é prejudicial e, em algumas situações, pode ser perigoso. Ele cita como exemplo o caso ocorrido em Acatlán, no México, onde uma onda de boatos sobre sequestros de crianças se espalhou pelo WhatsApp. A população, para fazer justiça, espancou e queimou vivos dois homens que estavam de passagem pelo vilarejo, sem nenhuma comprovação de envolvimento em crimes de qualquer tipo. “A Índia viveu uma situação bem semelhante este ano. As pessoas perdem a noção da realidade e passam a acreditar naquilo que recebem no celular, sem sequer verificar a procedência da informação”, afirma.

Relatório

No Brasil, o Relatório da Segurança Digital no Brasil, produzido pelo dfndr lab, mostra que o tema mais utilizado no trimestre para a criação de notícias falsas foi política, que respondeu por 46,3% do total. Foram mais de 2,2 milhões de detecções, tendo o período das eleições contribuído significativamente para o aumento das divulgações destas notícias falsas no período.

Assim como a produção de notícias falsas cresce, a disseminação de conteúdos falsos em geral entre os brasileiros, e por meio deles, segue o mesmo caminho. Uma pesquisa realizada pelo aplicativo dfndr security com mais de 35 mil respondentes de diversos estados do Brasil mostra que quase 65% das pessoas já receberam algum tipo de conteúdo falso em aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Facebook Messenger. O teor alarmante ou que gere indignação e o fato de solicitar compartilhamento são os principais motivos pelos quais o conteúdo se espalha rapidamente por meio de amigos, familiares e conhecidos.